quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Parque do Jaraguá está preparado para receber pessoas com deficiência

Na Semana Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, trilha adaptada é opção de acessibilidade e lazer na capital

Caminhadas pela Mata Atlântica por meio de trilhas especiais, além do ciclo de palestras com especialistas de diversas áreas, foram algumas das atividades que reforçaram a idéia de inclusão e acessibilidade das pessoas com deficiência que desejam desfrutar das belezas do local. O Parque Estadual do Jaraguá adaptou suas instalações para atender esse objetivo e participou das comemorações da Semana Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência.


O Parque recepcionou mais de dez vans lotadas de pessoas que visitaram os pontos turísticos do local. Antes de percorrer o caminho, todos foram orientados pelos monitores do Parque que explicavam as formas para desfrutar das belezas naturais. A monitora ambiental Ana Maria Matos, que participa dos projetos do Parque, contou da sua alegria em colaborar nas atividades, no contato com a natureza e tudo o que ela oferece. “Somos uma equipe unida e com o desejo de bem atender nossos visitantes. É gratificante colaborar e ver o brilho nos olhos das pessoas que nos visitam e que encontram atrações de lazer acessíveis e seguras” comenta.

Um dos momentos mais esperados é a passagem pela trilha do silêncio, que apresenta baixa dificuldade no trajeto de 800 metros (ida e volta), em cerca de 40 minutos. O ex-ginasta Eliseu Jerônimo, de 33 anos, aproveitou as dependências do parque para passear em sua cadeira de rodas: “Hoje percebo as dificuldades e obstáculos que as pessoas com deficiência enfrentam, e sei quanto é necessário ter novos ajustes como os que dispomos no parque do Jaraguá. Aqui, a gente pode respirar o ar puro da natureza, ouvir o canto dos pássaros e fazer amigos”.



Devido à vegetação densa, que abafa qualquer tipo de ruído externo, o fim da trilha reserva um dos momentos mais lindos. Quando todos se encontram nessa parte do trajeto, os monitores ambientais pedem para fecharem os olhos e, em silêncio, refletir, meditar e perceber os sons dos animais, a pureza do ar e imaginar a beleza da região.

Maria Aparecida, 35 anos, com seqüelas de poliomielite, percorreu com muita alegria todo trajeto, com as muletas que a ajudam no dia-a-dia. “Quero permanecer sempre em contato com essa natureza que nos traz felicidade. Vir ao parque é como se o mundo parasse, sentimos paz de espírito e isso é indescritível, pois somos tratados como pessoas dignas de respeito e carinho”, ressalta.

A dona de casa Terezinha Anhaia, de 63 anos, também estava feliz: “Estamos em constante movimentação, participamos de caminhadas em diversos locais, jogamos vôlei, desenvolvemos artesanatos e outras atividades. É o meu primeiro ano no grupo, depois que comecei a participar tudo ficou melhor, não tenho mais dores no corpo e sinto prazer em viver”.


A união faz a força
Tudo começou quando a Presidente da Associação Brasileira de Síndrome de Williams, Jô Nunes visitou alguns parques de São Paulo e percebeu que praticamente nenhum possuía infra-estrutura para atender os deficientes. Com boas intenções e disposta a encontrar soluções, Jô procurou os responsáveis pelo Parque Estadual do Jaraguá, e propôs que o local tivesse opções adaptadas para que se adequassem às necessidades dos visitantes. “A minha maior inspiração e lição de vida, convive comigo vinte quatro horas por dia. A minha filha Jéssica possui Síndrome de Williams, ela só me faz batalhar por melhores condições para as pessoas com deficiência”, destacou.


Para chegar ao Parque, muitos visitantes precisam de um sistema de transporte especial para pessoas com mobilidade reduzida. Mariana Pereira de Souza era uma delas: “Temos consciência das dificuldades que enfrentamos no dia-a-dia. Sabemos que a realidade ainda está distante do que precisamos ao utilizar o transporte coletivo, transitar por ruas e avenidas, opções de lazer como este parque”.

Leandra Migotto Certeza reafirma a importância de políticas de inclusão, mas não quer que isso seja confundido com caridade. “Não devemos confundir as diversas formas de respeitar os direitos que nos são assegurados por lei, com práticas assistencialistas. O desejo das pessoas com deficiência é conquistar espaço com nosso próprio esforço e dedicação. Muitas vezes, somos relacionados com um sentimento de pena sem necessidade. Sobrevivemos como qualquer outro ser humano, porém precisamos de oportunidades iguais”.

Muito mais que uma simples área de lazer projetada para as pessoas com deficiência, a trilha que recebe o nome de Espaço Conviver, serve de opção e convergência humana e acessibilidade, onde qualquer pessoa pode desfrutar das atrações que ela dispõe. Além do encontro pela trilha do silêncio, existem as trilhas da bica, pai Zé e o caminho do lago. Os visitantes ainda podem conferir um dos pontos mais altos de São Paulo e fazer uma verdadeira rota turística na visita ao pico do Jaraguá, e observar a capital paulista por outro ângulo.


Serviço
Estrada Turística do Jaraguá, acesso pelo quilômetro 18 da Via Anhanguera
Endereço: Rua Antônio Cardoso Nogueira, 539
Funcionamento: Das 7 às 17 horas, de segunda-feira a domingo
Telefone: (11) 39454532
Site: www.iflorestsp.br/jaragua

Anderson Moriel Mattos
Da Agência Imprensa Oficial

Crédito Fotos: Paulo Cesar da Silva
Reportagem publicada originalmente na página IV do Poder Executivo do Diário Oficial do Estado de SP do dia 3/10/2008.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo comentário.
Um abraço